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Qual é o comprometimento de governo via seu
Banco Central com a política, ou a gestão da política monetária?
Não é exatamente manter a estabilidade dos preços no longo prazo?
Então este equilíbrio de médio prazo final,
ele expressa uma taxa de inflação maior do que inicialmente,
antes do choque de demanda agregada, antes do choque positivo de demanda agregada.
Isso significa que se a situação se concretiza nesse sentido,
se a economia caminha no sentido de ter o seu produto
mais ou menos próximo do que ele era anteriormente.
Emprego e desemprego também na mesma circunstância,
porém com uma taxa de inflação mais alta,
isso significa que o governo pelo lado da política monetária
não cumpriu o seu compromisso com a estabilidade de preços.
Portanto esse governo vai perder credibilidade.
O que que ele pode fazer?
Ele pode fazer duas coisas.
Ou ele eleva a meta de inflação neste processo e faz a meta de
inflação começar a convergir para uma nova taxa de
inflação que será aquela alcançada depois de todos os ajustes
realizados pelos agentes na economia, o que também não é muito bom não é,
porque mudar a meta para cima circunstâncias de resposta a choque
de demanda agregada coloca risco a credibilidade da política monetária, da
autoridade monetária e o compromisso dessa autoridade com a estabilidade de preços.
O que significa dizer que " toda vez que tiver
choque de demanda positiva a gente vai ter mais inflação no futuro, já sabemos.
Então já sabemos também que o nosso Banco Central elevará a meta de
inflação." Então que estabilidade é essa
que o Banco Central invariavelmente eleva a meta de inflação?
Não dá.
Então a ideia aqui é pensar no seguinte,
se as respostas endógenas de política monetária não foram
suficientes para manter a estabilidade de preços,
é sinal de que uma resposta mais ativa e não só passiva,
não só resposta à variação do gap do produto e da própria inflação,
uma resposta ativa mais efetiva talvez pudesse ter sido
mais interessante enquanto esse processo de ajuste estava sendo realizado.
Mais interessante que sentido?
No sentido de tornar mais curto o processo de ajuste, ou seja,
fazer a flutuação macroeconômica demorar menos e,
mais importante, fazer com que a inflação no final
desse processo esteja de volta para a meta de inflação.
Esse é aspecto extremamente relevante da estrutura de regime monetário de metas
de inflação, ou seja, há compromisso com a manutenção da meta.
Portanto, na presença de choque positivo de demanda o Banco Central
deve reagir ativamente e não só passivamente.
Ou seja, antecipando que a taxa de inflação no
futuro vai ser maior do que a meta caso ele só haja
função daquilo que está acontecendo com o produto e daquilo que está acontecendo
com a inflação endogenamente, se ele não agir ativamente ele vai estar colocando
risco o seu compromisso com a meta de inflação e portanto a sua credibilidade.
Então significa que no contexto de choque de demanda positivo é
importante que o Banco Central haja ativamente.
O que significa que ele deve agir ativamente?
Ao longo de todo esse processo nós observamos o que?
O Banco Central elevando a taxa de juros pequenos movimentos,
pequeníssimos movimentos,
que correspondiam à apenas a resposta endógena de inflação e de produto.
E se ele agisse mais do que isso?
E se ele agisse de uma forma mais ativa?
Se ele produzisse uma maior elevação na taxa de juros, qual seria a consequência?
A consequência seria contrabalancear o choque positivo de demanda.
Ou seja, seria fazer com que a curva de demanda,
só falando figuradamente para vocês entenderem o efeito final,
a curva de demanda, ela voltaria paulatinamente para o ponto
original no lugar de esperar que a curva de oferta levasse a economia
para uma taxa de inflação mais alta por meio do ajuste das expectativas.
Antecipando esse efeito o Banco Central deveria compensar o choque positivo
com uma política monetária restritiva, mais efetiva do que simplesmente
responder ao gap do produto como ele fez na nossa lógica inicial.
Então a gente esperaria que Banco Central comprometido com a estabilidade de preços,
a partir do momento que o choque de demanda começasse a produzir uma
elevação na renda, uma elevação no emprego, uma queda no desemprego e uma
potencial pressão sobre a inflação via expectativas,
que ele já alterasse a taxa de juros,
subisse a taxa de juros mais fortemente no momento presente.
Obviamente sem produzir uma ruptura no comportamento da taxa de juros,
mas produzindo uma ação.
É por isso que o Banco Central vai passar então alguns ciclos, algumas reuniões
do COPOM elevando paulatinamente a taxa de juros para tentar antecipar esse
retorno da economia para o pleno emprego com o mesmo nível de taxa de inflação.
Quando o Banco Central responde ativamente ao choque de demanda,
ele também produz efeito sobre as expectativas de inflação dos agentes.
Ou seja, os agentes estão observando o Banco Central realmente mostrando
o comprometimento com a estabilidade da inflação e, portanto a sua
expectativa é a de que a inflação seja igual a meta daqui há dois, três anos.
Então essa ação mais agressiva, digamos, ou seja, mais ativa,
que é mais correto dizer, do Banco Central no momento presente ao longo
das próximas reuniões do COPOM, duas, três, talvez quatro,
elevando a taxa de juros, contrabalança o efeito positivo do
choque inicial de demanda e no lugar de deixar as expectativas se ajustarem
para cima ele faz com que as expectativas se ajustem para baixo.
Ou seja, os agentes vão revisando a sua, ainda que a economia
esteja pressionada do ponto de vista da produção, do emprego,
do nível de atividade, a resposta do Banco Central faz com que os agentes
tenham expectativas de que a inflação volte para a meta e não o contrário,.
não que ela suba ainda mais.
Percebem a diferença?
Então a reação do Banco Central de forma ativa nessa circunstância
de choque de demanda positivo, vai produzir ajuste mais
rápido da economia relação ao produto potencial, ou seja,
menos tempo de flutuação do produto e mais importante,
uma flutuação da inflação que faz com que
ela convirja para a meta de inflação e não o contrário,
uma flutuação que faz com que ela divirja e vá para patamar superior,
o que coloca risco a âncora nominal da estrutura da macroeconomia.
Então a ação ativa do Banco Central vai ter esse efeito
de minimizar tanto a flutuação do produto, quanto a flutuação da inflação,
e garantir que ao final do processo de ajuste a inflação esteja estável.
É exatamente isso que a gente espera que o Banco Central faça.
Agora observem que dentro desse contexto também é possível
entender uma ação conjunta entre a política monetária e a política fiscal.
Eu estou dando ênfase aqui à política monetária,
mas se nós estivéssemos num contexto de política fiscal que o governo tem
compromisso com a estabilidade da relação dívida-PIB ao longo do tempo, ou seja,
ele tem compromisso com a sustentabilidade fiscal, o que que nós observaríamos?
Nós observaríamos que a partir do momento que o produto começa a crescer
e a arrecadação acompanhando o produto também cresce, nós teríamos o que?
Aumento, ou uma diminuição do déficit do governo.
O que significa que a arrecadação está subindo e o gasto está igual,
porém o Tesouro Nacional, a autoridade fiscal,
poderia contribuir ainda efetivamente de maneira mais eficaz.
Como?
Reduzindo o gasto.
Então no momento que a economia está numa numa flutuação
do ciclo positivo, ou seja, está super aquecida,
ou está na parte ascendente do ciclo e portanto,
supostamente a arrecadação também está crescendo,
porque ela depende também do comportamento do produto da renda,
com a arrecadação crescendo seria o momento de produzir ainda maior poupança
do governo diminuindo seus gastos, fazendo também uma política fiscal restritiva.
Ao reforçar o efeito restritivo da política monetária,
a ação conjunta e coordenada de política fiscal e política monetária,
produziria ainda efeito mais eficaz de flutuação menor na economia, compreendem?
Então aqui eu estou exemplificando uma situação que o ajuste
do ciclo econômico não se dá apenas pela gestão da
política monetária, mas coordenação com a gestão da política fiscal.
Uma situação que a economia está alta no ciclo, a gente esperaria se o
governo tivesse uma estrutura fiscal condizente com a sustentabilidade,
que ainda que a receita estivesse crescendo que os gastos estivessem caindo
e abrindo espaço maior, ou seja, superavit com proporção
do PIB maior, que produziria exatamente o espaço
para que a política fiscal agisse de forma contracíclica.
Então exatamente com a simetria do lado oposto do ciclo,
quando a economia estivesse baixa nós poderíamos observar
governo gastando mais do que arrecadando e produzindo déficits,
que foi a nossa discussão lá no lado fiscal do mercado de bens e serviços.
Então ele produziria superavits no momento de ascensão do ciclo e déficits no
momento de recessão, no momento de queda da atividade econômica.
E com isso ele, intercalando superavits e déficits ao longo do tempo,
ele garantiria sua sustentabilidade fiscal.
Se isso acontecesse, se houvesse essa coordenação de política econômica
entre a política monetária e a política fiscal,
o efeito sobre a taxa de juros poderia ser menor, ou seja,
o Banco Central poderia elevar menos a taxa de juros e a economia
flutuaria menos, ou seja, teria ciclo bem mais suave.
Então esta ideia de cooperação entre o lado fiscal e o lado monetário
é extremamente importante e dentro dessa estrutura lógica simplificada
que nós estamos apresentando ela teria o benefício aí de produzir,
de contribuir para que a atuação do governo na economia
minimizasse a flutuação da macroeconomia.
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