[MÚSICA] Nesse vÃdeo, nós vamos analisar o que considerar para indicar a viabilidade de projeto. No final dele, você deverá saber explicar a razão de se utilizar fluxos de caixa incrementais para analisar cada projeto, identificar os fluxos de caixa relevantes na tomada de decisão de longo prazo, e identificar e analisar o uso de de custos de oportunidade, dos irrecuperáveis e os efeitos colateriais de projeto. Para tanto, nós vamos pegar o exemplo com a empresa Green Coffee. A Green Coffee S/A é uma empresa que investe na área de cafés. São cafés que são operados junto ao público. E ela está pensando abrir uma loja a ser operada por apenas três anos de concessão aeroporto. Para abrir essa loja, ela precisa investir equipamentos 1,2 milhões de reais. Esses ativos não circulantes vão ser depreciados linearmente até zero ao longo da vida útil fiscal, que é de três anos. Depois da qual, imagina-se que esses ativos não terão mais valor, serão descartados. A empresa Green Coffee imagina que ela vai faturar 1,1 milhões de reais vendas por ano e para operar a loja, ela vai ter custo operacional de 600 mil por ano. Aà já está incluÃdo matéria prima, salários e encargos, aluguel e fornecedores diversos. A gente vai supor aqui que a empresa vende tudo à vista e paga os seus custos todos à vista e que ela paga 40 por cento de imposto de renda. Vamos supor ainda que os seus investidores exigem 12 por cento de retorno ao ano para realizar esses projetos, projetos com riscos similares à este desta loja no aeroporto. Será que a empresa deveria realizar esse projeto? Como que a gente decide cima de dados como este para projeto qualquer numa empresa? Então, como a gente analisa projeto de investimento? Para isso, a gente vai então sempre levar consideração o seguinte: a empresa já está operando. A gente vai pensar este projeto como projeto adicional, projeto incremental. E como o que importa para os investidores é o fluxo de caixa, porque é quando de fato ele recebe o dinheiro de volta, a gente vai analisar então o que a gente chama de fluxo de caixa incremental. Qual que é a ideia do fluxo de caixa incremental? Se você olhar aqui nesse gráfico, você vai ver que nós temos a empresa sem o projeto já gera alguns fluxos de caixa. Agora, a partir do momento que ela incorpora esse novo projeto, ela passa a ter fluxo de caixa diferente, que é o fluxo de caixa da barrinha total. Aquela parte de cima da barrinha é a empresa só a parte do incremento. Então, o que nós vamos analisar é esse fluxo de caixa incremental, que é o fluxo de caixa adicional para cima ou para baixo relação aos originais da empresa e esse fluxo de caixa que vai ser utilizado para a análise. Para a gente fazer isso, a gente vai começar olhando pouquinho para o balanço patrimonial da empresa e vendo como que isso seria registrado na contabilidade da empresa na medida que eu faço esse investimento adicional. Então, uma empresa como qualquer empresa, ela vai ter no seu ativo, os ativos circulantes e os não circulantes. Os circulantes vão compor o caixa, contas a receber e estoques. Os não circulantes equipamentos, imóveis e intangÃveis, que é software e outras coisas como marca, por exemplo. No seu passivo, essa empresa tem passivos circulantes operacionais, que são contas a pagar e impostos a pagar, tem também empréstimos de curto e longo prazo de credores e tem o patrimônio lÃquido dos acionistas, constituÃdo de capital e reservas. A primeira coisa que nós vamos fazer para simplificar pouquinho, nós vamos fazer uma pequena transformação nesse balanço patrimonial. Nós vamos pegar o passivo circulante, que está do lado direito, e nós vamos deduzir do ativo circulante. Então, se você observar, a gente vai ficar agora do lado direito somente com os investidores, empréstimos de curto e longo prazo, que são os credores, e o patrimônio lÃquido dos acionistas. E do lado esquerdo, a gente está ficando com o capital circulante lÃquido, que é o ativo circulante menos o passivo circulante e mais os ativos não circulantes, que são os equipamentos, imóveis e intangÃveis. Então, com essa pequena modificação no balanço patrimonial, vai ficar mais fácil da gente analisar como a empresa vai promover esse investimento, como ela vai gerar esse fluxo de caixa incremental. Então, no inÃcio do projeto, geral, a empresa vai ter que investir no ativo fixo, então se a gente lembrar, a Green Coffee tinha que comprar equipamentos lá no começo. Então, esses equipamentos vão aumentar o ativo não circulante, vai ser investimento ativo fixo. A empresa também pode ter que investir capital circulante lÃquido. O que quer dizer isso? Ela aumentar estoque, ela aumentar contas a receber de clientes, isso tudo vai afetar o meu investimento capital circulante lÃquido. Para isso, como ela vai ter que fazer esse investimento adicional, tanto ativo fixo, quanto CCL, que é capital circulante lÃquido, ela vai precisar de mais dinheiro do acionistas, então o que ela vai fazer? Ela pode pegar com os acionistas ou ela pode, opcionalmente, pegar de empréstimo. Então, a gente vai chamar esse dinheiro novo que ela pegou de capital adicional dos investidores, porque ela pode pegar tanto dos credores, como dos acionistas. Então, esse capital adicional, se a gente observar, ele vai ser igual à esse investimento CCL e esse investimento no ativo fixo, e esse é o dinheiro que os investidores vão estar colocando para iniciar essa operação logo no começo do projeto. Agora, durante o projeto, o que é que vai acontecer? Se eu fiz esse investimento ativos, eu espero ter algum resultado e esse resultado, ele vai poder se dar, olhando agora no DRE, vendas adicionais, no caso, a loja da Green Coffee, ela vai ter novas vendas que ela vai fazer, porque antes essa loja não fazia parte do grupo Green Coffee e agora vai ter vendas incrementais. Mas, por outro lado, ela vai ter para operar a loja, ela também vai ter custos e despesas incrementais, que são esses gastos que ele vai ter ali para manter a loja funcionando, como material de consumo, a própria matéria prima, a mão de obra, o pessoal que está trabalhando ali nesta loja do aeroporto. A empresa também vai poder deduzir a depreciação e a amortização relação à esses novos ativos fixos que ela comprou. Então, se ela tem mais ativos fixos, a depreciação e a amortização se dá ao longo do tempo vai poder ser deduzido e isso vai gerar efeito de reduzir o resultado para que a empresa possa reduzir também o seu imposto de renda. E a partir disso, a empresa vai pagar imposto de renda incremental, relação ao que ela já pagava, que vai ser, na realidade, calculado com base nas vendas incrementais menos os custos e despesas incrementais e menos essa depreciação e amortização incremental. Então, esse imposto de renda vai ser a alÃquota que a empresa já paga aplicado sobre esse resultado incremental que ela está gerando. Então, esse vai ser o impacto no demonstrativo de resultado. Agora, para analisar a viabilidade, os investidores vão analisar se de fato o fluxo de caixa adicional do projeto é interessante. Então, se você olhar bem aqui, a gente está preocupado com o fluxo de caixa, no DRE, venda incremental é fluxo de caixa, custo e despesa incremental é fluxo de caixa, imposto de renda incremental é fluxo de caixa, mas depreciação e amortização incremental não é fluxo de caixa, ele não representa desembolso adicional de dinheiro ao longo do tempo. Na realidade, ela está representando uma amortização do dinheiro que já foi pago lá no começo. Então não vai mudar o fluxo de caixa ao longo do tempo, mas vai ser importante, porque ele foi utilizado no DRE exatamente para reduzir o imposto de renda, porque eu posso depreciar aquela despesa ativo fixo que eu fiz lá no começo. Então, com isso, o que é que vai acontecer? Se eu quiser saber o fluxo de caixa incremental ao longo do projeto, eu vou ter que reconstituir essa depreciação, essa amortização, de volta no caixa. Então, de fato, o meu fluxo de caixa incremental vai ser as vendas incrementais menos os custos e despesas incrementais e menos o imposto de renda incremental. A depreciação e a amortização não vai gerar modificação no fluxo de caixa. Muito bem. E quando chegar no final do projeto, o que é que vai acontecer? Bom, o projeto ali do aeroporto é para durar três anos, então lá no final o que vai acontecer é: todo aquele investimento adicional que eu fiz não vai ser mais necessário, então o investimento adicional CCL, que no caso se eu tivesse que investir estoques e etcetera, ele vai deixar de ser necessário, ele vai desaparecer, o investimento ativo fixo também vai desaparecer, porque eu não vou precisar mais daqueles equipamentos, então a empresa volta a ser como era antes, ou seja, o que ela fizer no final com o estoque, com contas a receber no CCL, vai ser restituÃdo como uma entrada de caixa, porque ela vai deixar de ter necessidade desse ativo e a mesma coisa vai acontecer com o ativo fixo, porque também ou ele vai vender, ou vai dispor e isso vai desaparecer do meu balanço, então tudo isso é disposto no final do projeto. Resumo, os fluxos de caixa incrementais de projeto vão ser no inÃcio do projeto: investimento CCL, investimento ativo fixo, que é uma saÃda de caixa. Ao longo do projeto, o que é que eu vou ter? Entradas e saÃdas incrementais. Que entradas incrementais eu vou ter? As vendas incrementais. E que saÃdas eu vou ter? Os custos e despesas incrementais e o imposto de renda incremental. E quando chegar no final do projeto, o que é que vai acontecer? Bom, vai ter uma entrada de caixa, que vai ser a reversão do investimento CCL, porque eu não vou precisar mais desse capital circulante lÃquido e a reversão do ativo fixo, que eu posso vender, doar, jogar fora, etcetera, mas ele vai sair do meu investimento de tal forma que quando eu olho ao longo da vida do projeto, estes são exatamente os fluxos de caixa incrementais que ele gera. Alguns cuidados que eu tenho que tomar Primeiro, pode aparecer algum custo de oportunidade. O que é isso? A empresa, por exemplo, vai utilizar galpão que já existe nos ativos da empresa e que hoje está alugado para terceiros. Se ela for utilizar esse galpão, ela vai deixar de receber essa receita, então veja que essa receita que já estava antes na receita da empresa, vai deixar de ocorrer. Então, isso vai entrar no meu projeto como se fosse custo incremental, que é o custo de oportunidade, eu estou abrindo mão de uma receita. Outro cuidado são efeitos colaterais. Muitas vezes eu posso gerar o que a gente chama economia de externalidade ou o que chama marketing de canibalismo. O que é que é isso? Vamos supor que eu lance esse produto e quando eu lanço esse produto, eu consigo melhorar esse posicionamento dentro da minha marca. Então, com isso, eu consigo vender outros produtos e gerar mais vendas outros projetos que não esse projeto que eu estou analisando. Então, essa venda adicional tem que ser entrada aqui como se fosse uma receita adicional gerada por esse projeto. Mas pode acontecer também o que a gente chama de canibalismo, que é o caso inverso. Vamos pegar exemplo, uma loja que ela já tem uma linha de roupas e ela lança uma linha de roupa nova. Na hora que ela lança a coleção nova, ela vai fazer com que a venda da coleção velha reduza. Então, isso chama-se canibalismo, porque é produto da própria marca reduzindo as vendas de outro produto que é da própria empresa. Então, esses efeitos colaterais têm que ser levados conta. E dois pequenos detalhes super importantes. Primeiro, não podemos usar custos recuperáveis. Eles não vão entrar como fluxo de caixa, porque eles não são incrementais. Por exemplo, se eu gastei uma consultoria ou pesquisa de desenvolvimento para fazer algum projeto, esses custos que já foram incorridos, eu não vou poder deixar de pagá-los e, portanto, eles vão ser desconsiderados, eles não entram na análise, não são incrementais. E outra coisa, é comum a gerência de uma empresa fazer na contabilidade gerencial o que a gente chama de alocação de custos. Então, por exemplo, o CEO de uma empresa pode falar assim: "Se você lançar essa loja lá on aeroporto, eu quero que cinco por cento dos custos aqui da administração sejam repassados para o projeto". Muito bem, mas se o projeto não for feito, não vai haver nenhuma mudança no valor do que a gente já gasta, ou seja, fazendo ou não fazendo o projeto, este gasto vai ser o mesmo. Outras palavras, ele não é incremental. Somente para fins gerenciais é que percentual destes gastos vão ser considerados, mas não vão ser utilizados na nossa decisão. Resumo, fluxo de caixa incremental vai ser dado da seguinte forma. Primeiro, a gente calcula o fluxo de caixa operacional incremental, que é aquele que ocorre ao longo do projeto. Eu vou pegar as vendas incrementais, menos os custos e as despesas incrementais, menos a depreciação, aà eu calculo o imposto de renda, que ali, no caso, eu estou mostrando que eu posso multiplicar por menos a alÃquota de imposto de renda que a empresa paga, aqui no Brasil, geral, é 34 por cento que uma empresa aberta paga, e, para considerar o fluxo de caixa, eu devolvo a depreciação. Veja que a depreciação entrou e saiu. O único objetivo da depreciação é reduzir o imposto de renda. E o fluxo de caixa incremental do projeto eu vou levar também conta os investimentos e desinvestimentos feitos ativos não circulantes e no investimento capital circulante lÃquido. Então, o fluxo de caixa incremental do projeto, ou fluxo de caixa dos ativos, ele vai ser o fluxo de caixa operacional menos o investimento ativos não circulantes e menos o investimento capital circulante lÃquido. Uma vez obtido esse fluxo de caixa ao longo do tempo para analisar a viabilidade do projeto, uma das formas mais usadas é calcular o valor presente lÃquido. Então, eu pego todos esses fluxos de caixa e trago todos ao valor presente pela taxa que os investidores exigem para projetos desta natureza. Se esse valor presente lÃquido for positivo, significa que os resultados que o projeto está gerando, todos somados a mesma data são superiores ao investimento feito, portanto o projeto deve ser realizado. Se forem negativos, significa que nós estamos desembolsando dinheiro além dos resultados que o projeto vai gerar e que, portanto, esse projeto não deveria ser feito. Resumo, essa é a forma de analisarmos projetos de longo prazo de uma empresa e analisar a sua viabilidade. [MÚSICA]