[MÚSICA] [MÚSICA] Nós vamos ver agora a relação entre a Taxa de Juros e Riscos. Para isso, a gente vai precisar relacionar a Taxa de Juros, ou custo de oportunidade do dinheiro, com o Risco de certo Investimento, entender pouquinho o que é risco e explicar uma Taxa que é Livre de Risco e explicar o que é Prêmio de Risco. E vamos escrever como é que a inflação afeta essa taxa de juros. A inflação também corrói o dinheiro, como é que tudo isso é considerado. Como é que será que esse juros se relaciona com o risco do fluxo de caixa? Para isso, a gente vai voltar a imaginar qual a multinacional Europeia LRC está te procurando para instalar escritório aqui no Brasil daqui a ano e vai pagar seis milhões para esse escritório na região de São Paulo. Você encontra aquela oportunidade perfeita só que tem que pagar cinco milhões hoje. Você faz a conta, ele está lá aplicado a dez por cento de juros ao ano e você então analisa: "Será que é importante fazer esse investimento?". E aÃ, quando você compara, você vai ver assim, se eu aplicar no Tesouro Nacional eu ganharia 500 mil. Cinco milhões mais dez por cento daria 5,5 milhões e se eu aplicar no imóvel eu passo de cinco milhões para seis daqui a ano. Então, como eu ganho mais, obviamente, eu estaria aplicando no imóvel. Só que cabe uma reflexão. Será que ambos investimentos tem risco zero? Vamos pensar pouquinho nisso. Será que vale a pena eu tirar o dinheiro de uma aplicação financeira segura como tÃtulo do Tesouro Nacional e colocar num imóvel? Será que daqui a ano, de fato, a LRC vai honrar o compromisso e me pagar os cinco milhões? E se a gente for pensar nisso, a gente estaria analisando se os riscos são iguais. O que seria o risco? É a chance de alguma coisa dá errado no meio do caminho. Qual a chance do governo não me pagar isso daqui a ano? Vamos dizer que ela é muito próxima de zero, até porque se o governo precisar mais reais, a moeda Real é emitida pelo próprio governo, ele pode emitir moeda e pagar isso. Não vamos nem discutir se isso desvaloriza a moeda, mas a chance de você não receber é muito baixa. Agora, se a gente for analisar a chance da multinacional não te pagar isso, ela existe, ela é real. Muitas coisas podem acontecer daqui até lá. O imóvel pode sofrer incêndio, você pode ter problema que a multinacional de repente resolve que não vai vir mais no Brasil e resolve não te pagar por isso. Então, os riscos aà são diferentes. Então, na realidade, como essa multinacional tem essa chance de desistir do negócio, o risco da operação com a multinacional é maior do que com o tÃtulo do governo. Ainda existe a chance até dessa multinacional, de repente, interromper as suas operações, não quer mais vir para o Brasil e não vai nem mais operar nÃvel internacional e a possibilidade do governo não te pagar é muito menor. Então, como é que eu faço? Será que eu posso comparar aqueles 5,5 milhões com os 6 milhões? Então, para isso, o que acontece? O mercado financeiro vai cobrar prêmio de risco para poder fazer essa operação. Vez de dez por cento que paga o tÃtulo do governo, por exemplo, o mercado financeiro pode trabalhar operações similares uma taxa de 15 por cento ao ano, cinco por cento, portanto, acima da taxa que o governo cobra. Esses cinco por cento seria para remunerar o seu risco. Então, como você vai correr risco maior, você vai ganhar cinco por cento além do dinheiro que você já ia ganhar deixando com o tÃtulo do governo. Então, se a gente aplicar agora uma taxa de 15 por cento, e se você aplicasse num outro projeto similar a esse projeto da multinacional LRC, você teria cinco milhões mais os 15 por cento, daqui a ano você teria 5,750 milhões. Perceba que, nesse caso, esses 5,750 milhões é melhor do que o 5,5 milhões se você aplicasse no Tesouro Nacional. Por outro lado, se eu comparar isso com o valor que eu vou receber da LRC, de seis milhões, eu percebo que eu ainda ganho mais fazendo negócio com a LRC. Então, por esta regra, eu percebo que seria melhor eu investir na LRC, porque a LRC está me dando retorno superior ao que o mercado financeiro para projetos de mesmo risco, cobrando 15 por cento de juros. A gente pode ainda usar aquela regra do VPL, que a gente já viu como fazer. Então, o VPL, lembrando, a gente pega lá o Valor Futuro, divide por mais a Taxa e tira o Investimento. O Valor Futuro que eu vou receber vão ser os seis milhões que a LRC vai me pagar. Divido por 1,15, que já é a Taxa do Custo de Oportunidade ajustada para o risco. E vou tirar os cinco milhões que eu investi. Se eu fizer essa conta, eu vou obter o número 217319 e esse valor é positivo. Portanto, pela regra do VPL, como ele é positivo, a gente vê que esse investimento é vantajoso e vale a pena investir no projeto da LRC. Vamos agora para voltar para o caso do tÃtulo do governo. No caso do tÃtulo do governo, a gente recebe os dez por cento sem nenhum risco. Essa taxa a gente chama de Taxa Livre de Risco, porque o governo vai te pagar com certeza esses dez por cento daqui a ano. Agora, mesmo assim, ainda existe problema. Suponha que você espere uma inflação de seis por cento ao ano. Então, o que é que vai acontecer? Ao abrir mão de comprar alguma coisa hoje, e vai comprar no ano que vem, no ano que vem essa coisa vai estar seis por cento mais cara, porque a inflação faz com que o preço de todos os bens e serviços da economia subam. Então, com isso, você não pode olhar o dez por cento como se fosse ganho total. Uma parte desses dez por cento é para cobrir a inflação. Então, se a gente olhar bem, ela ainda tem ali dentro, embutida, a inflação. Se a gente quiser olhar isso aà mais rigoroso, a gente pode achar qual é a taxa que eu realmente eu estou ganhando, então a gente isso de Taxa Livre de Risco Real, que seria pegar esses dez por cento que eu vou ganhar e tirar os seis por cento de inflação. Então isso vai me dar, aproximadamente, valor de quatro. Quatro por cento ao ano é a taxa que, aproximadamente eu estou ganhando, além do valor da inflação. Então, a minha Taxa Livre de Risco Real aqui seria quatro por cento. Então, se eu comparar, se eu tiver dinheiro, ficar com ele na minha carteira parado, daqui a ano ele vai valer seis por cento menos, porque eu deixo de ganhar inflação. Então, se eu comprasse alguma coisa, daqui a ano essa alguma coisa estaria seis por cento mais caro. Vamos supor que eu vou aplicar num tÃtulo de risco zero, como o risco do governo. Vou ganhar a inflação, de seis por cento, mais a Taxa Livre de Risco Real de quatro, portanto uma Taxa Livre de Risco Total de dez por cento. Então, a minha aplicação rende dez por cento. E se eu considerar agora uma aplicação, não de risco zero, mas uma aplicação com risco maior como, por exemplo, aquela minha operação com a LRC, eu vou ganhar a inflação de seis por cento, a Taxa Livre de Risco de quatro por cento, que é o que eu ganho por não consumir hoje, valores reais e mais cinco por cento de prêmio de risco por estar investindo num projeto mais arriscado do que o tÃtulo do governo. Então é assim que o mercado financeiro compõe essas taxas e é assim que a gente faz as contas de se uma aplicação vale ou não vale termos de investimento. Se a gente for comparar aplicações, a gente tem que usar então essas taxas que são adequadas para cada fluxo de caixa conforme o seu risco, conforme a inflação esperada e conforme a Taxa Livre de Risco Real que o mercado financeiro opera. Então, juntando tudo, a gente vai ter que a taxa de desconto apropriado para certo fluxo de caixa, ela vai ser dada pela soma da Taxa Livre de Risco mais a Inflação mais o Prêmio de Risco. Então, no caso, a gente tem lá quatro por cento de Taxa Livre de Risco, mais seis por cento de Inflação, mais cinco por cento de Prêmio de Risco chegamos a uma taxa de 15 por cento, que seria a minha taxa apropriada de desconto para fazer a análise do projeto de eu investir no imóvel da LRC. Então, com isso, se eu tivesse hoje cinco milhões, aplicasse nesse imóvel, daqui a ano, projeto similar ao da LRC me renderia 5,75 milhões, só que a LRC vai me pagar seis milhões, portanto vai ser interessante, vai me pagar mais do que a tava que o mercado financeiro espera, por isso que é bom negócio. Concluindo, a análise de investimento deve considerar sempre a Taxa Livre de Risco Real da economia, mais a expectativa de inflação do mercado e mais Prêmio de Risco que o mercado cobra por investimentos de riscos similares. E a gente, então, vai ter que a taxa que a gente descontar fluxo de caixa vai ser a soma da Taxa Livre de Risco mais a Inflação mais o Prêmio de Risco, no nosso exemplo, quatro por cento da Taxa Livre de Risco, mais seis por cento da Inflação e mais cinco de Prêmio de Risco, perfazendo total de 15 por cento de taxa. E essa é a taxa que a gente usa de fato para analisar qualquer projeto. Então, projetos com riscos diferentes vão receber taxas de descontos diferentes e a gente vai usar esses conceitos conforme o nÃvel de risco, conforme a chance de eu não receber. Só para a gente fechar, exemplo que a gente pode deixar no ar. É claro que se eu investir numa empresa muito grande, eu vou ter prêmio de risco menor. Se eu investir numa empresa muito pequenininha, esse risco é muito maior. Se eu investir numa pessoa fÃsica, que não tenha uma renda muito alta, essa taxa e muito maior. É por isso que os banco, por exemplo, cobram taxas de juros pequenas empresas grandes, médias de empresas de porte menor e taxas de juros muito altas de pessoas fÃsicas. Por que? A chance dessa pessoa fÃsica não pagar é muito maior do que de uma empresa grande não pagar. Parece uma coisa injusta, mas, na realidade, ela está ajustada para o risco de quem está colocando dinheiro, está aplicando o dinheiro, e está deixando de colocar a sua aplicação numa aplicação mais segura, como tÃtulo do governo, por exemplo. [MÚSICA]