[MÚSICA] Olá, é uma satisfação estar com vocês. É o nosso primeiro contato, vamos estar juntos aí por várias semanas e hoje eu gostaria de falar com vocês sobre os desafios do líder nos próximos anos e nós temos acompanhado, aqui no Brasil, a liderança desde o final dos anos 90 e vimos ao longo dos últimos 20 anos, principalmente, a construção de alguns desafios que vêm se construindo para o futuro próximo, aqui no Brasil, dessa liderança e é sobre isso que eu queria conversar com vocês. O primeiro desafio que eu gostaria de trazer é o impacto da inteligência artificial. Nós, na primeira década dos anos 2000, achávamos que a inteligência artificial poderia vir a substituir o trabalho inteligente, mas a inteligência artificial começou a entrar no Brasil a partir de 2013, ela entrou pelo judiciário, entrou pela medicina, mais tarde foi para o sistema financeiro de atacado, depois varejo e agora mais recentemente nas nossas indústrias, empresas e serviços e nenhum momento a inteligência artificial, de fato, substituiu o trabalho humano, ela complementou o trabalho humano e isso foi muito importante, porém, nas experiências que nós acompanhamos, nós fomos vendo a emergência, a necessidade imperiosa do que a gente chama de cooperação, a cooperação passou a ser uma competência, uma exigência das lideranças nas empresas que foram trazendo tecnologias mais avançadas e por que é que eu estou trazendo, enfatizando esse ponto aqui para os senhores? Como nós vamos ver ao longo das nossas conversas, a cultura da liderança brasileira é uma cultura de trabalhar feudos, de trabalhar de forma individualista e não de forma cooperativa, então há uma dificuldade natural da nossa liderança de trabalhar de forma cooperativa, o que inviabiliza ou dificulta a absorção de tecnologias mais avançadas pelas nossas organizações, nós observamos que pessoas mais jovens, pessoas que nasceram, principalmente, a partir do final dos anos 80, 90, elas têm muito mais facilidade para lidar com essas novas tecnologias, atuar de uma forma mais cooperativa, outra coisa que nós observamos foi a necessidade de visão sistêmica, de você perceber o impacto do seu trabalho no trabalho do outro e muita adaptabilidade, muita maleabilidade das pessoas para começar a rever aspectos comportamentais. Eu também quis trazer aqui para uma reflexão dos senhores autor da moda que é o Harari. Ele é historiador que escreveu Homo Sapiens, depois o Homo Deus, mas também escreveu terceiro livro sobre tendências ou o que ele conseguia enxergar como grandes desafios do século 21. Ele é muito contundente na velocidade das mudanças, ele acredita que até o final dessa década de 20, início dos anos 30, nós teremos mudanças que vão fazer com que a gente tenha que repensar a nossa carreira, repensar a nossa atuação a cada dez anos, então eu só estou querendo trazer essa questão para os senhores porque a velocidade das mudanças o incomoda, sinto dizer que as mudanças vão estar mais velozes nos próximos anos e nós temos que absorver isso, então isso é primeiro impacto, que é o impacto, então, da tecnologia na organização do trabalho, na organização das nossas empresas. Outro aspecto que eu gostaria de trazer para os senhores é a nossa realidade demográfica, nós temos uma particularidade demográfica que é muito específica. A nossa demografia só tem paralelos alguns países da América do Sul, é bem diferente da Europa, EUA, Ásia, nós temos boom de nascimentos de 70 a 85, nós temos aqui projeções do IBGE que mostram, a partir do censo de 2010, que teríamos aqui 2020 uma população jovem ainda grande, por isso nós valorizamos muito os jovens e essa onda de nascimentos que começa 70 agora está com 50 anos, nesse exato momento, a rabeira está com 35 anos, mas se nós pegarmos a projeção do IBGE para os próximos dez anos, nós vamos ver fenômeno importante, nós vamos ver amadurecimento da população brasileira e o que vai acontecer é que, cada vez mais, ao longo da década de 20, as pessoas mais maduras vão ser mais valorizadas, então é interessante quem está nessa onda, agora é jovem e é valorizado porque é jovem e quando ficar maduro vai ser valorizado porque é maduro, exatamento por conta dessa onda que nós temos demográfica aqui no Brasil, mas nós assistimos outro fenômeno, a partir de 95 a gente vai observando uma redução dos nascimentos e, com isso, a gente vai tendo uma dificuldade de reposição de pessoas lá para frente, então é muito provável que hoje as pessoas com 40 anos, 50 anos, ao chegarem aos 60 anos comecem a ter dificuldade de reposição, o que significa que as pessoas vão ficar mais tempo nas organizações. Esse é quadro, uma projeção do IBGE, esse projeto é para 2020, 14% de pessoas com mais de 60 anos, mas para 2060 terço da nossa população com mais de 60 e a gente consegue observar a partir de projeções do IBGE essa onda, como ela vai estar 2050. Finalmente, eu gostaria de trazer para vocês uma questão geracional, nós observamos que as nossas gerações têm marcas diferentes da Europa e dos EUA, a minha geração é dos Baby Boomers, nós temos a geração seguinte que é a geração X, na Europa e EUA vai até 79, aqui no Brasil vai até 85. O que é uma geração? É grupo de pessoas com valores, modelo mental, muito específicos, e quando é que surge uma nova geração? Quando nós temos grandes transformações no contexto. A Europa e os EUA vivem grandes transformações na década de 80, culturais, econômico-financeiras, geopolíticas, com o esfacelamento da União Soviética, e aqui no Brasil nós entramos na década de 80 como governo militar, então muitos economistas chamam a década de 80 de a década perdida, que é uma década onde as pessoas que nascem, nascem com a mesma cabeça da década de 70 e a gente começa a ter uma nova geração a partir de 86. Esse pessoal entra no mercado de trabalho 2009, 2010 e tem como estrutura de valor equilíbrio entre vida e trabalho e há choque geracional muito grande com a geração X, por que é que eu estou trazendo isso para os senhores? Porque essa geração, provavelmente, vai ser a nossa gerência tática ao longo da década de 20, com uma cabeça muito diferente e isso gerando grandes transformações nas nossas organizações, então é isso que eu gostaria de trazer para os senhores nesse momento sobre os desafios para a liderança aqui no Brasil. Muito bom falar com vocês, grande abraço. [MÚSICA]