[MÚSICA] [MÚSICA] Olá, estamos então no nosso percurso de compreensão sobre os componentes da demanda agregada. Já estudamos o componente consumo das famílias e hoje o nosso foco principal, que é bastante desafiador, é compreender como são tomadas as decisões de investimento produtivo. Então, neste momento, eu já chamo a atenção de vocês para uma diferença muito importante. O investimento produtivo é investimento que está voltado para a produção de novos bens e serviços que serão utilizados no processo produtivo para a produção no período seguinte. Então, nós chamamos de bens de investimento aqueles bens que propiciam a continuidade da produção na economia. É muito importante que nós tenhamos essa diferenciação entre o investimento produtivo ou o investimento econômico e o que nós chamamos, no campo das finanças, de investimento financeiro. O investimento financeiro, ele diz respeito às decisões de alocação de carteira, alocação de portfólio, que ativos financeiros os agentes decidem colocar a sua riqueza. Lembrando que riqueza é o acúmulo ou estoque de poupança que as pessoas, as famílias, os agentes foram realizando ao longo do tempo até o momento presente. Então, são duas decisões, que, obviamente, tem uma conexão e nós vamos falar sobre ela mais adiante, mas são dois tipos de decisões bastante diferentes e, neste momento, nós estamos preocupados compreender a decisão de investimento produtivo. Mais adiante, voltaremos a falar sobre a decisão de investimento financeiro no contexto da nossa apresentação dos mercados financeiros. [MÚSICA] [MÚSICA] O investimento produtivo, ele diz respeito a quê? Do que é que estamos falando afinal? Estamos falando de produzir novas máquinas, novos equipamentos, nova infraestrutura, prédios, edificações, estrada, telecomunicações, extração de recursos naturais, produção de minérios, de aço, de ferro... todos esses elementos que, na composição da economia, estão relacionados com a capacidade de produzir bens e serviços que a economia tem. É o que nós chamamos de estoque de capital. O estoque de capital é nada mais do que o acúmulo de investimento produtivo ao longo do tempo. Então, a cada período de tempo, de novo lembrando, o investimento é, portanto, uma variável fluxo, a cada momento de tempo, digamos trimestre, como são medidas as contas nacionais brasileiras ou a cada ano, nós temos uma mensuração do total de investimento produtivo, ou seja, o total de novas máquinas, equipamentos, infraestrutura, e toda a sorte de bens e capital que estarão disponíveis para serem comprados e utilizados no processo produtivo da economia. A cada período, essa quantidade, esse montante de investimento produtivo se acumula ao longo do tempo e nos leva a ter o estoque de capital da economia. Obviamente, ao longo do tempo também, esse mesmo estoque vem sendo utilizado para a produção de bens e serviços geral. Não só de capital, mas também de consumo, sobre os quais já conversamos. Nesse processo de utilização do estoque de capital no processo produtivo, nós temos, obviamente, uma depreciação desse estoque de capital. Portanto, investimento novo, investimento de de determinado período, deve ser superior a depreciação do estoque que foi utilizado neste mesmo período para produção do novo produto da economia e esse produto pode ser tanto de bens de capital, quanto de bens de consumo, como já falamos anteriormente. Ao utilizar o estoque de capital para produzir bens e serviços na economia, o estoque de capital se deprecia, portanto, investimento novo, no mesmo período, supostamente, deve superar essa depreciação para que o estoque de capital da economia continue a crescer ao longo do tempo. Quando o estoque de capital permanece relativamente constante, ou seja, não se altera de maneira significativa nem para cima e nem para baixo, significa que naquele período o investimento, a nova produção de bens e serviços de capital da economia, praticamente, ficou igual a depreciação do uso pelo uso do estoque de capital anterior. Então, para que o estoque de capital cresça ao longo do tempo, é necessário que novo investimento supere a depreciação do uso desse estoque na produção do produto do PIB da economia. Então, vejamos, essa decisão de investir produtivamente é uma decisão extremamente complexa. É uma decisão que requer uma quantidade de informações, conjunto de informações bastante grande. Muitas vezes, o grau de precisão desse conjunto de informações não é muito elevado. Muitas vezes, nós tomamos a decisão de investir produtivamente sob cenário de grande incerteza ou de grande risco, como preferirmos. Quanto maior o risco, maiores são as chances de que aquele empreendimento, aquela decisão, aquela decisão por realizar novo projeto de investimento, não seja bem sucedida no futuro. Então, é uma decisão muito complexa, muito difícil de ser tomada e nós vamos tentar entender quais são os processos, quais são as informações necessárias para que os agentes que tomam essas decisões na economia tenham condições de tomar a melhor decisão possível. [MÚSICA] Quem são esses agentes na economia que são os responsáveis por tomar a decisão de investimento produtivo? Nós estamos falando, precisamente, das empresas, que estão ali representando a iniciativa privada, o setor privado e que tem uma perspectiva de lucratividade futura e que, hoje, deve tomar decisões de, por exemplo, substituir equipamento no seu processo produtivo. Trocar de tecnologia, investir equipamentos com maior tecnologia que possam a levar a uma redução de custo, uma maior produtividade, ou, por exemplo, a necessidade de uma empresa de construir novo galpão para estocar os seus produtos acabados e prontos para a venda ou para estocar matérias-primas e tornar o seu negócio ainda mais produtivo e lucrativo. As decisões de investimento produtivo então podem ser tomadas num âmbito de uma empresa que já está processo de desenvolvimento, que já existe, que já produz, que já tem uma história, ou pode ser novo projeto de investimento que o empresário, o investidor produtivo pretende iniciar novo negócio que vai levar a produção de novos bens e serviços daqui a ou dois períodos de tempo, ou dois anos, ou dois meses, três meses, depende do tipo de negócio. Então, estamos falando de decisões associadas à aquisição de equipamentos, de tecnologia, de trabalho, de infraestrutura, e que vão propiciar a produção de bens e serviços para a economia. São decisões bastante difíceis, principalmente porque elas levam conta horizonte de tempo relativamente longo. As decisões de investimento produtivo devem ser tomadas hoje, no presente, porém elas estão associadas a compra, a aquisição de máquinas, de infraestrutura e de todo o processo necessário para que uma empresa produza bens e serviços e os venda mercado depois de algum tempo. Esses equipamentos, essa infraestrutura têm uma vida útil, geral, relativamente longa. Vamos pensar, por exemplo, na construção de novo galpão para estoque. Estamos falando de construção civil. Qual é a vida útil de projeto de construção civil? 20 anos? 25 anos? Então é horizonte de tempo de planejamento bastante grande. Tomar a decisão determinado momento, no momento presente levando conta que uma máquina, por exemplo, pode durar dez anos, tem uma vida útil de oito anos, de cinco anos, que seja, se for uma máquina altamente tecnológica e cuja a tecnologia vai se tornar obsoleta num tempo relativamente curto... e que requererá do empresário a sua substituição. Ainda assim, é tempo longo, é tempo longo de planejamento e este empresário, para tomar a decisão hoje, ele precisa medir, de alguma maneira, qual é o retorno que esse investimento pode lhe oferecer. Qual é o retorno que a compra de uma nova máquina, de novo equipamento, qual é o retorno que o investimento no desenvolvimento de novo produto ou de novo serviço, qual é o retorno que ele espera obter a partir do investimento que ele vai realizar hoje. Esse retorno esperado do investimento, que é uma variável altamente importante para a tomada de decisão do empresário, ele é afetado por conjunto de informações muito grande. Para a gente ter uma ideia de como é que organizamos a análise de projeto de investimento, nós precisamos projetar, ao longo da vida útil daquela máquina ou daquele equipamento ou daquele novo processo produtivo que está sendo desenvolvido, é necessário que nós tenhamos condições de projetar o fluxo de caixa que nós esperamos receber por realizar este novo investimento. O fluxo de caixa, tratado de uma forma pouco mais superficial, pode ser entendido como a diferença entre as receitas que aquele investimento propiciará à empresa subtraídas dos custos que deverão acompanhar o processo produtivo desse novo equipamento, dessa nova empresa ou deste novo projeto ao longo da sua vida útil. Então, se estamos falando de investimento de vida útil de dez anos, estamos falando de projetar esses fluxos de caixa ao longo desses dez anos, o que é uma tarefa bastante complexa. Normalmente, nós temos perspectivas sobre como a economia evoluirá ao longo do tempo, tratamos basicamente da relação da macroeconomia com o setor que aquela empresa, aquele projeto se insere, como neste setor está evoluindo a tecnologia, como estão os concorrentes deste empresário nesse setor. Uma série de variáveis são relevantes para que nós possamos ter minimamente condições de projetar esse fluxo de caixa. Além de custos: matérias-primas que serão utilizadas no processo produtivo, a força de trabalho que será contratada para operar, para gerenciar esse projeto de investimento ao longo da sua vida útil, como estará o mercado de trabalho. Então, temos uma série de fatores que afetam a nossa possibilidade de projetar, de prever o fluxo de caixa desses projetos de vida útil relativamente longa. Esta é uma das grandes dificuldades da tomada de decisão do investimento produtivo. Então, se nós pensarmos que há uma série de informações e de variáveis que são difíceis de serem medidas e previstas neste processo de análise do projeto, nós passamos, então, a entender quão importante é a disponibilidade deste empresário, deste empreendedor realizar o seu projeto mesmo estando sujeito a uma análise que, na melhor das hipóteses, poderá ser realizada de acordo com cenários. Então, nós vamos projetar esse fluxo de caixa com cenário moderado, digamos o cenário mais provável para a economia, para o setor, para a empresa, nesses cinco, dez anos, vamos analisar quais são as piores, os piores fatores que podem se alterar ao longo desse tempo e que podem afetar negativamente a minha previsão, cenário pessimista, e eventualmente também podemos estar interessados no desempenho desse projeto de investimento no caso de uma mudança para cenário mais otimista. Mas, obviamente, nos interessa ter muito mais clareza sobre o que seja o cenário moderado e o que seja o cenário pessimista. Inclusive, nesse momento, paro pouquinho para chamar a atenção para o fato de que esse curso de análise macroeconômica também vai nos ajudar muito a entender e analisar possíveis cenários para realizar a análise de investimento produtivo. Então, lá no final, nós vamos voltar a falar sobre como utilizamos esse conhecimento, que estamos aqui construindo juntos neste curso de análise macroeconômica, para que nós possamos traçar e compreender cenários distintos para a macroeconomia de país. Então, aguarde aí. [MÚSICA] [MÚSICA]