[MÚSICA] [MÚSICA] Olá, tudo bem por aí do outro lado da tela? Vamos novamente na nossa jornada de aprendizado? Agora temos desafio grande. Vamos entrar estritamente nos mercados monetário e de câmbio. E para começar a falar desse assunto tão complexo depois de pensar pouco e tentar algumas estratégias, escolher alguns caminhos, eu decidi que a melhor forma de introduzir esse assunto e já nos levar para nível de conhecimento mais avançado, mais útil para entender o mundo real, é que nós comecemos a pensar sobre a escolha de regimes econômicos. Nesse sentido é interessante a gente pontuar o que sejam os regimes econômicos. O que é regime afinal? O regime nada mais é do que conjunto de normas, conjunto de ações por meio das quais o governo se compromete a atuar na economia perante ao público, perante a iniciativa privada, perante aos agentes privados da economia. Então isso significa que o governo assume certo conjunto de normas, certo conjunto de regras, por meio dos quais ele vai atuar sobre os aspectos econômicos da economia, especificamente sobre os aspectos macroeconômicos. Esses regimes podem estar escritos, podem ser leis, podem ser normas que foram aprovadas congresso, ou não. Podem ser simplesmente institucionalizados pela prática do governo, seja pelo lado da sua gestão da política monetária, seja pelo lado da sua gestão da política cambial, ou ainda retomando as aulas anteriores, pelo lado da gestão da política fiscal. Assim então quando falamos de regimes macroeconômicos estamos falando da escolha que os governos realizam relação a como gerenciarão o regime monetário, o regime cambial e o regime fiscal na macroeconomia. Já falamos que a gestão fiscal na macroeconomia a princípio deve seguir os padrões da restrição orçamentária intertemporal, lembram-se? Pois então, nesse sentido o governo deve gerenciar gastos e tributos de tal forma que ao longo do tempo tenha uma sustentabilidade fiscal. Falamos sobre isso já quando tratamos do comportamento do governo no contexto do mercado de bens e serviços. Então adotar uma maneira de agir, uma regra, uma norma, uma forma de gerenciar a política fiscal, significa adotar certo regime fiscal. Por exemplo, podemos ter a adoção de regime fiscal que o governo se comprometa atingir certa as metas de superavit primário e superavit nominal, ou de estabilizar a relação dívida-PIB ao longo do tempo. Qualquer uma dessas escolhas seria exemplo de regime fiscal. Do ponto de vista dos mercados financeiros e da atuação do governo referente aos mercados financeiros, nós temos que pensar então nas escolhas estritamente dos regimes monetário e cambial, e há uma conexão entre essas escolhas. Ou seja, assim como a escolha do regime fiscal deverá ter algum grau de influência sobre a organização da macroeconomia e a gestão das demais políticas macroeconômicas, as escolhas do regime monetário e cambial também se inter-relacionam. A princípio nós estamos pensando aqui regimes monetário fiscal e cambial que estejam de acordo, ou que sejam propícios, ou que levem uma economia à atuar num contexto de metas de inflação. Então veja que nós já estamos aqui pensando na compreensão da estrutura macroeconômica no contexto de regimes que a inflação no futuro seja a meta de longo prazo, principalmente para a política monetária. Esse contexto, o contexto dos regimes de metas de inflação, é contexto bastante comum relação à gestão da política macroeconômica nos países desenvolvidos, que não necessariamente adotam o regimes de metas de inflação explicitamente, mas que atuam que a sua política monetária, sua política cambial, sua política fiscal conjunto atuam no sentido de propiciar que a gestão da política monetária esteja voltada para o alcance da estabilidade de preços no longo prazo. Portanto, nós temos uma série de países que adotam explicitamente o regime de metas de inflação como é o caso do Brasil, o caso do Canadá, o caso do Chile e uma série de outros países no mundo e temos países que adotam, ou que gerenciam sua política monetária como se adotassem o regime de metas de inflação porque mantém o mesmo compromisso com a estabilidade de preços como objetivo fundamental da política monetária no longo prazo. Como por exemplo, é o caso dos Estados Unidos, da própria gestão do Banco Central Europeu, do Banco da Inglaterra e do Banco do Japão. Enfim, geral os Bancos Centrais atuam nesse sentido tentando fazer com que o objetivo estabelecido pelo regime monetário, que seja o de estabilizar a inflação no futuro, seja alcançado pela gestão do dia a dia, pela interferência do governo via gestão de política monetária na economia ao longo do tempo. Então basicamente que nós temos que pensar é que neste contexto é importante que o Banco Central, o braço gestor da política monetária e, portanto, estamos aí no segmento de mercado monetário, ele tenha pelo menos a independência de instrumento. O que significa isso? Significa que o Banco Central é capaz de escolher e gerenciar os seus instrumentos de política monetária, já falaremos sobre eles, a fim de direcionar, de conduzir a formação da taxa básica de juros na macroeconomia para que a economia ao longo do tempo, no futuro, alcance certo patamar de inflação que esteja de acordo com a meta de inflação. A meta de inflação ela é estabelecida entre limites de flutuação superior e inferior, exatamente para acomodar choques imprevistos e para fazer com que haja uma certa maneira de verificação da eficácia da gestão da política monetária sem estar estritamente ligado a número específico, ou seja, o centro da meta. Então nós temos limites de flutuação que abre aí então pouco a possibilidade de acomodar choques que não puderam ser devidamente contra balanceados e nunca poderão de fato ser totalmente contra balanceados os choques que afetam a economia e produzem variação na taxa de inflação. Portanto, quando nós pensamos regime monetário, explicitamente no regime de metas de inflação, nós teremos pelo lado fiscal exatamente comportamento semelhante àquele que nós já estudamos. Comportamento que o governo esteja comprometido com a sustentabilidade fiscal, com o equilíbrio intertemporal das suas contas, Isto por que? Por que isso é importante? Qual a necessidade desta perspectiva de equilíbrio pelo lado fiscal? Exatamente para que nós possamos ter a determinação da taxa de juros na economia sendo guiada de forma independente das necessidades fiscais do governo. Ou seja, para que não haja muita interferência, muita ligação, ou seja, muitos impactos daquilo que está acontecendo do lado fiscal sobre a formação da taxa de juros. Isso já é exemplo do que seria a independência de instrumento. Como é que essa ligação poderia acontecer? Vou dar exemplo. Suponha que nós tenhamos governo que persistentemente produz déficits primários. O que eram mesmo os déficits primários? Era a diferença entre aquilo que o governo arrecada e aquilo que ele gasta. Portanto, o governo gasta mais do que arrecada termos fiscais sem considerar o pagamento de juros sobre o estoque da dívida nesta conta. Então o governo persistentemente gasta mais do que arrecada. Isso significa que ele persistentemente vai precisar buscar recursos nos mercados financeiros para equilibrar o seu orçamento. Ou seja, ele vai financiar os seus gastos excesso por meio de emissão de dívida. Emitir dívida significa se comprometer com uma taxa de juros. Portanto quanto mais o governo esteja numa situação fiscal crítica, mais ...os agentes que oferecem recursos nos mercados financeiros, requerirão uma taxa de juros mais elevada, para receber títulos com maior risco, já que o governo cada vez gasta mais, cada vez emite mais títulos e portanto há a possibilidade que ele tenha algum problema de inadimplência no futuro se eleva. O que eleva a percepção de risco dos agentes nos mercados financeiros. Dessa forma, nós estamos vendo aqui exemplo, que o lado fiscal da estrutura do governo, estaria puxando as taxas de juros para cima, e isso poderia ser incompatível com o objetivo da política monetária, e poderia predeterminar, ou seja ter uma conexão de causalidade sobre as taxas de juros da política monetária, que são as taxas de juros de curto prazo. E aí então, nós teríamos uma situação, que nós chamamos macroeconomia de dominância fiscal. Então é importante que numa estrutura de metas de inflação, nós minimizemos a possibilidade de existência de dominância fiscal. É importante que nós tenhamos independência de instrumento. A independência de instrumento, neste caso, significa simplesmente, então que o Banco Central tem condições de gerenciar a taxa de juros de acordo com os objetivos da política monetária que não estão sob os efeitos de comportamento fiscal insustentável, por exemplo, é por isso que nós, na macroeconomia da corrente principal, estabelecemos como fundamental a conexão entre o regime fiscal, o regime monetário e o regime cambial, que é o chamado tripé da macroeconomia, que todo mundo já ouviu falar, e já leu sobre isso nas análises de economistas e e não economistas sobre nossa estrutura macroeconômica ao longo desses últimos 15, 20 anos, principalmente relação ao Brasil, que desde 1999 começa a adotar o regime de câmbio flexível, e a partir de junho de 99, começa a adotar formalmente o regime de metas de inflação. Então, vamos lá, nós estamos aqui, tentando entender a determinação desses regimes, essa escolha, que regimes operarão numa economia, numa sociedade é uma escolha que é feita pelo nível político, o executivo, os políticos no congresso, eles têm o poder de escolher regimes diferentes, e é exatamente por isso que, quando há uma disputa numa eleição majoritária, numa eleição para presidente, por exemplo, nós sempre temos a possibilidade de haver uma contraposição entre perspectivas diferentes, de escolhas para esses regimes. Então é muito importante que a gente entenda quais são os custos e os benefícios de se escolher regime ou outro. Porque este é o nosso papel, a economia, a teoria econômica vai nos permitir indicar quais são esses custos e benefícios, porém a escolha, é a escolha realizada pelo nível político, pelos gestores, pelo executivo e pelo congresso. Portanto, nesse contexto de regime de metas de inflação a relativa independência entre o lado fiscal e o lado monetário é pré-requisito. Na verdade não há como se pensar num regime de metas de inflação sem que haja uma certa independência, sem que haja uma certa possibilidade de que a política monetária possa ser gerenciada de forma independente, ou o mais independente possível da política fiscal. E aí, nós teríamos, então, dois instrumentos para que o governo pudesse interferir, gerenciar as flutuações da macroeconomia, instrumento fiscal e instrumento monetário. Portanto, a escolha do regime monetário também é uma escolha política, e o quê que guia a escolha de regime monetário? Basicamente, nós vamos observar aqui de uma maneira mais, digamos, superficial do que aquela que seria necessária para que nós pudéssemos discutir todos os detalhes e nuances dessas escolhas, mas deixarei para vocês algumas referências nas notas de leitura, aqui o nosso objetivo é entender como é que se dão essa conexões, já num contexto do regime de metas de inflação. Pois então, quando nós pensamos na relação da escolha entre o regime monetário e o regime cambial, há que se levar conta que as escolhas do governo relação a sua atuação, do ponto de vista da política monetária e sua atuação do ponto de vista do regime cambial e das suas intervenções no mercado de câmbio, estão intimamente conectadas. Essas duas escolhas não podem ser feitas de forma independente. Uma vez que regime cambial seja escolhido, o regime monetário estará certamente pré-determinado, e o contrário também é verdadeiro, escolhendo-se o regime monetário, necessáriamente há que se escolher regime cambial compatível. E eu já vou explicar o que significa essa compatibilidade. Portanto, normalmente, nós falamos arranjo monetário cambial ou regime monetário cambial, porque são duas escolhas dependentes, uma está conectada a outra, é impossível fazê-las de forma separada. Desse ponto de vista, nós precisamos pensar sobre quais são as escolhas possíveis e por que e como nós escolhemos estas combinações entre o regime cambial e o monetário. [MÚSICA] [MÚSICA]