[MÚSICA] Dentro do Sistema Solar, apesar de as distâncias serem muito grandes, nossas naves espaciais já são capazes de percorrê-las tempo não muito longo, alguns anos. Essas sondas que enviamos são muito parecidas com satélites de sensoriamento remoto que estudam a Terra. Com várias câmeras e sensores, elas orbitam os planetas e os estudam. Claro, umas das diferenças é que elas têm de viajar por anos pelo espaço até alcançar seus destinos e funcionar de forma praticamenta autônoma, podendo custar bilhões de dólares. Algumas sondas ainda mais sofisticadas têm módulo de pouso para chegar até a superfície do planeta e até mesmo robôs e hovers que podem se movimentar e estudar diferentes regiões. As sondas se tornam, dessa maneira, verdadeiros laboratórios móveis, sendo controladas da Terra por cientistas ou automaticamente buscando compreender o presente e desvendar o passado desses outros mundos. E dos maiores objetivos das grandes sondas atuais é exatamente procurar por lugares onde poderia haver vida fora da terra. O planeta mais explorado para procura de vida fora da Terra é Marte. No passado, o planeta teve água abundante sua superfície, uma atmosfera não muito diferente da nossa, temperaturas amenas e uma magnetosfera protetora, ou seja, condições de habitabilidade para a vida como conhecemos. Nesse período, talvez a vida tenha surgido lá e se extinguido quando as condições mudaram drasticamente, transformando o planeta deserto gelado. Com a sonda americana Curiosity vasculhando a superfície do planeta e várias outras que a antecederam de diferentes países, temos aprendido que ainda hoje existe água no subsolo marciano, e talvez mesmo temperaturas adequadas para sustentar vida. Não descartamos a possibilidade de ainda existir vida ativa no planeta e a sondas têm procurado por sinais dela. Com a futura missão europeia ExoMars esperamos finalmente poder escavar a superfície do planeta e estudar diretamente esse potencial habitat praticamente desconhecido no subsolo. Além de Marte, dos alvos mais interessantes para Astrobiologia são as luas dos planetas gigantes do Sistema Solar: Júpiter e Saturno. Atualmente estamos estudando e preparando uma grande missão para estudar Europa, umas das luas de Júpiter, que parece ser muito promissora, por ter água líquida sob uma capa superficial de gelo, que pode ter dezenas de quilômetros. Talvez Europa tenha mais água que todos os nossos oceanos terrestres juntos. E nesse enorme oceano aquecido e provavelmente enriquecido com matéria orgânica levada por cometas, por que não podemos pensar que tenha surgido vida? A futura missão, que deve ser lançada na década de 2020, tem a ambição de estudar a composição desse oceano, seja perfurando a capa de gelo, seja coletando material de gêiseres que escapam da superfície esporadicamente. Mas antes de enviar sondas complexas e caras como essa, é importante sabermos como elas se comportarão nessas condições e qual a melhor técnica para detectar vida. Esses testes normalmente são feitos com experimentos laboratório terra, onde são feitas simulações das condições que serão encontradas durante a viagem. Esses estudos permitem termos uma melhor ideia de como supostos microorganismos e biomoléculas se comportariam nessas condições e como poderíamos detectá-los durante a missão espacial. Esse trabalho é feito inclusive no Brasil, pelo Núcleo de Pesquisa Astrobiologia do IAG-USP, e também no Laboratório Nacional de Luz Síncroton, onde diversas condições espaciais e planetárias podem ser cuidadosamente recriadas e diversos microorganismos extremófilos terrestres são usados como modelos de uma vida extraterrestre hipotética. O futuro da exploração robótica do Sistema Solar parece promissor, com sondas cada vez sofisticadas e equipamentos mais compactos que podem realizar quase todos os experimentos que faríamos no laboratório terra. As naves estão ficando cada vez mais rápidas, com possibilidades muito ambiciosas de propulsão, como os motores iônicos e as velas solares. Estamos mesmo preparando novas missões tripuladas para Lua e para Marte. Mesmo sendo nossa vizinhança cósmica, o Sistema Solar ainda é extremamente vasto e praticamente inexplorado. Quem sabe não acabaremos encontrando vida extraterrestre aqui ao nosso lado, se procurarmos direito. O que sabemos é que a busca vale o esforço, tanto pela ciência que é feita pelo caminho, como o desenvolvimento tecnológico que surge desses desafios espaciais. [MÚSICA] [MÚSICA] [SEM_ÁUDIO]