[MÚSICA] [MÚSICA] Olá, pessoal. Bem vindos ao nosso tópico de hoje do curso de pensamento crítico, lógica e argumentação. Nosso tópico hoje é como usar o pensamento crítico para melhorar a nossa tomada de decisões. Nesse tópico, então, abordaremos o assunto da tomada de decisões, lembrando que não existe mágica, não tem varinha mágica, o que tem são cuidados que podem ser tomados, com base na noção de pensamento crítico, que ajudam bastante na hora de se decidir, a hora de tomar uma decisão. Mas não existe nenhum mecanismo maravilhoso que você enfia uma pergunta e ele te dá a melhor decisão que pode ser tomada. O que nós vamos fazer é dar guia passo a passo que ajuda a organizar melhor as ideias situações estratégicas. Bom, que tipo de decisões tomamos? Muitas. Tomamos decisões continuamente, por exemplo, que carro devo comprar, é verdade que tem mais vantagem alugar uma casa que comprar uma casa? Onde investir minhas poucas economias? Devo aceitar esse trabalho? Estou procurando emprego, arrumei trabalho que é tanto mal pago, mas vai me tomar o dia todo ou eu não aceito esse e continuo procurando? Devo processar essa pessoa, essa pessoa que está me prejudicando na internet ou coisa desse tipo ou devo buscar acordo ou uma coisa comercial? Como devo agir com uma loja que me enganou? Então, tudo isso são decisões que a gente deve tomar e hoje dia parece que, ainda ficam até mais críticas essas decisões, porque nós somos bombardeados o tempo todo com sites da internet que dizem, olha, compre isso, não compre aquilo, não faça isso, coma isso, não coma aquilo, faça isso se você quer perder peso, faça tal coisa, será que é verdade? Devo comprar? Não devo comprar? Como eu vou fazer? O que a gente tem que levar conta é que existem vários métodos de tomada de decisão, tem uma porção deles, profissionais e tal, geral, têm finalidades empresariais porque as empresas têm que tomar decisões também, tanto quanto nós temos e a deles pode envolver muito mais dinheiro, muito mais complicações todos os sentidos. Alguns métodos de tomada de decisão são bastante sofisticados e difíceis porque usam, por exemplo, estatísticas, coisas complicadas, teoria de jogos e coisas assim e são difíceis de usar no dia a dia, mas a maioria são apenas bobagens repetitivas que não levam a nada. Por que o nosso não é uma bobagem repetitiva? Porque a maneira que nós estamos fazendo, primeiro não é método maravilhoso nenhum, nem nós estamos vendendo esse método, mas ele é fundamentado na questão do pensamento crítico, na noção de argumentação e, tanto quanto possível, na lógica. O núcleo básico daqueles métodos que funcionam, deixando de lado aspectos técnicos como modelagem estatísticas, previsões de diagnose, etc, inclui, geral, os seguintes passos: passo número identifique seus objetivos, defina e detalhe o problema. Por quê isso? Porque, muitas vezes, não temos clareza nenhuma sobre o que estamos tentando resolver ou decidir. Imagina, isso é muito mais grave ainda quando temos que decidir grupo, numa assembleia, numa reunião de condomínio, numa reunião de empresa, de trabalho, o que quer que seja, muitas vezes a gente não sabe nem, exatamente, qual é o problema que está sendo discutido, tem uma ideia do problema, mas não sabe ele profundidade, será que a definição do problema é a mesma para todos? Será que é clara para você próprio? Verifique isso. Então, entenda o passo número. Passo número dois, pense outras possíveis soluções. Esse passo requer muita informação, muita imaginação e até mesmo conhecimentos mais profundos sobre o assunto, eu preciso saber se estão envolvidos normas, leis, regras, limitações legais, pessoais, culturais, técnicas ou científicas. Não adianta eu inventar uma coisa que é perfeitamente infactível e também não adianta eu esquecer de pensar numa solução que pode ser boa. Procure mais informação na internet ou publicações, leituras, mas também com amigos, especialistas, grupos, sites de reputação, etc. E não se esqueça do dilema, que é chamado de O Dilema do Possível versus o Imaginado. Muitas vezes acontece que algumas soluções pensadas podem não ser possíveis, enquanto outras soluções possíveis podem não ter sido pensadas. Tem que ter imaginação, é o famoso dilema, então, do possível versus o imaginado. O imaginado pode não ser possível e o que é bem possível pode ainda não ter sido imaginado. Passo número três, considere as consequências. Você é livre para decidir, mas é escravo das consequências, esta etapa é muito importante porque vai te ajudar a determinar como a sua decisão terá impacto sobre você ou sobre outras pessoas envolvidas. Nesta etapa você se perguntará quais serão os resultados da sua decisão, como isso afetará você agora, nesse momento e como afetará o seu futuro. Tem que pensar nisso também. Passo número quatro, pense nos critérios de avaliação que têm que ser implementados, quaisquer que sejam eles. O que são critérios de avaliação? São medidas que devem ser aprovadas por todos quando se trata de grupo. Nós vamos construir uma casinha de cachorro. Tá, quem vai construir? Como? Quanto tempo? Que preço? Como é que nós vamos medir se está sendo feito direitinho, etc. São medidas que devem acompanhar e avaliar o sucesso ou a falha da alternativa. E cuidado que, às vezes, as coisas não precisam estar série, isso é outro erro que as pessoas fazem. As etapas podem estar perfeitamente bem paralelo, quer dizer, quando faz uma coisa aqui, está fazendo outra alí e uma impacta a outra, a outra impacta uma. De certo modo, o resultado de uma etapa pode influenciar fortemente a próxima. Ou as duas juntas, uma terceira, tem que tomar muito cuidado com isso. Passo cinco, escolha a melhor solução, reveja e reavalie, pense no aspecto do tempo. O tempo é uma questão importante, quanto tempo vai levar? Quanto tempo eu tenho? Tempo é custo. Pense no aspecto, também, puramente financeiro, na energia que essa decisão vai tomar e se ela vai se manter no futuro. É uma coisa que vai durar pouco, não vai ter muito interesse, quanto tempo vai durar? Nunca se esqueça de que o mundo muda muito e muda sempre, nunca está parado, o mundo não é estático, nada é estático e o que é bom hoje, ou o que é mau, ou o que interessa muito, pode não ser mais amanhã, nem tão bom, nem tão mau, nem tão interessante. Passo seis, escolhida a solução, veja como implementar e fiscalizar. Também não adianta nada, de nada adianta, decidir se não for implementado e de nada adianta implementar se não tiver acompanhamento. Sozinhas, as coisas por si só, não vão dar certo. Então, no fundo, tudo isso acontece porque decidir envolve produzir bom argumento, para si próprio ou para o grupo. Aspecto importantíssimo é o critério da relevância da decisão a ser tomada. Decisões têm seu custo e é essencial que se tenha conta a relação custo-benefício. Precisamos sempre confirmar se aquilo que está jogo é suficientemente importante, relevante e compensa o custo e os riscos. De maneira geral, alguns testes, baseados na racionalidade, que a gente deveria fazer, não que a gente faça sempre, muitas vezes a gente erra e não faz, mas aqui está o guia. É melhor a gente se guiar do que não se guiar. Os cuidados óbvios, nos quais muitas vezes derrapamos, incluem os seguintes testes: dê muita atenção à linguagem, contratos, rótulos, cláusulas ocultas e letras minúsculas. Geral, decisões envolvem contratos de todas as maneiras, contrato, até uma ata de uma assembleia é contrato que foi feito, que você assinou naquela assembleia. Tenha cuidado com a chamada engenharia social, que são tentativas de obtenção de informações sigilosas e importantes pela própria falha da racionalidade da vítima. Sem querer você pode estar passando informações, de qualquer maneira, do seu telefone, da sua conta, da sua maneira de pensar, das suas decisões. do que você vai comprar ou não vai comprar, por exemplo. Tenha cuidado com os termos e frases vagas, com ambiguidade e manobra para desviar a atenção e ganhar tempo. Se você pensar bem, tudo isso aqui a gente já falou nas nossas aulas anteriores, nada disso é novidade, a gente só está recolocando essas coisas no âmbito da tomada de decisão. Desconfie de analogias tendenciosas. Isso aqui é parecido com aquilo. Cuidado, será que é? De ofertas boas demais; de ideias retumbantes demais. " nunca, por que não me ocorreu isso antes? Que maravilha. Como é que isso é tão lindo". Cuidado. Outro aspecto importante é a quem interessa certas coisas que estão acontecendo, que estão sendo ditas. Tenha cuidado com as emoções ocultas que você pode estar sendo vítima, que darão pesos as premissas. Quer dizer, quem é que gosta de quem, quem odeia quem, que está contra quem. Precisa levar conta isso quando alguém está dizendo alguma coisa para você, ou te dando uma informação. Ou vendedor está querendo dizer coisas maravilhosas do produto dele, do carro dele, do sapato que ele está te vendendo ou o quer que seja. E com os interesses ocultos. Quem é parceiro de quem, quem é adversário de quem. Se uma concessionária de automóveis te indica banco, será que é o melhor banco ou é o banco melhor para aquela concessionária de automóveis? Quem está ganhando? A quem interessa? Então uma das perguntas mais relevantes para se avaliar premissas é essa: a quem interessa? Tenha conta também o perigo do autoengano. Muitas vezes a gente quer se enganar. Às vezes mentir para nós próprios pode ser bom. Por exemplo, adiantar o relógio para não perder a hora. Pequeno truque de autoengano que pode até ser interessante, pode ser uma estratégia de sucesso. Mas aceitar como verdadeira uma premissa que já se mostrou arriscada outro momento só porque você está com vontade de que ela seja verdadeira, " não, esse aqui eu já gostei, então está bom. É esse mesmo, eu fui com a cara". Cuidado. Ponha-se de sobreaviso com relação a porcentagens, números, tabelas, valores, datas e figuras. Será que é tudo verdade? Pode não ser mentira, pode ser apenas meia verdade. Pode não ser mentira, cuidado. Pode ser verdade pela metade. Ouça sua própria experiência. Nunca deixe de avaliar suas crenças, por meio de experiências passadas. Nesse caso, a arte de generalizar, a arte de praticar a indução, o método de indução, de generalização indutiva, pode ser muito boa para afastar premissas duvidosas. Mantenha a clareza do seguinte, que uma corrente se quebra no elo mais fraco. Se contrato ou uma decisão tem uma cláusula perigosa ela pode ser disparada por uma condição. Por exemplo, está lá escrito "Olha, caso de tal coisa, tal coisa vai acontecer". É "se então" que está ali. É "se então", é uma cláusula condicional que pode deflagrar uma premissa que não era verdadeira num certo momento, mas passa a ser verdadeira depois. Então nesse caso tem papel muito relevante quem prepara o contrato. É bom não deixar que o outro lado prepare sozinho o contrato, é bom que os contratos sejam preparados pelos dois lados, embora seja muito chato preparar contrato. Cuidado com as promoções, tenha o máximo cuidado com valores padrão chamado "default". O que é "default"? Por exemplo, num contrato de compra temporária, ou assinatura, num serviço qualquer, produto, muitas vezes o cliente é quem tem que se esforçar para cancelar o produto, não é a empresa. Então o que acontece, por default, a hora que você assinou, que você aceitou a oferta grátis você já comprou, a compra já está feita, ela foi te passada como oferta grátis, mas ela já está feita ou será disparada numa data posterior. E cancelar pode ser muito difícil, porque as empresas nem sempre tem muito boa vontade de atender a cancelamentos, como vocês sabem. E outra coisa, leia bem os rótulos, etiquetas, manuais e anúncios. Isso tem que ser lido sempre no supermercado, no manual de instruções e tudo isso. Por exemplo, supermercados muitas vezes colocam produtos caros, eu presto muita atenção a isso, próximos a produtos com desconto para que você sem querer coloque no carrinho achando que aquela é a prateleira do desconto e você vai ter uma surpresa na hora do final da compra. Bom, será que esses cuidados ajudam realmente, eles são uma varinha mágica? Não, eles não são varinhas mágicas, mas eles ajudam realmente. Na verdade, eu vou fazer aqui uma analogia. Eles ajudam tal como paraquedas quando você pula de avião. Paraquedas não garante que você vai sobreviver, você não tem certeza absoluta que pulando no paraquedas ou você vai esquecer de abrir o paraquedas na hora certa, ou ele não vai abrir, ou vai dar uma lufada de vento que vai embaraçar, sei lá o que pode acontecer. Então não tem garantia nenhuma. Mas agora me diga uma coisa, você pularia sem paraquedas? Então não é porque uma coisa não tem garantia absoluta de sucesso que ela não deve ser usada. Não se pode garantir que nossas decisões serão as melhores, nada garante isso, mas certamente esses cuidados melhorarão bastante as suas decisões baseadas tudo aquilo que a gente já viu, na argumentação, no pensamento crítico, na atenção às premissas, na atenção às analogias, na atenção aos números e na atenção à noção de consequência lógica a partir das premissas. Tudo isso está embutido aqui. Isso é nada mais nada menos do que uma aplicação de tudo que a gente já viu. Agradeço novamente pela atenção e convido a todos para o nosso próximo tópico. Obrigado. [MÚSICA] [MÚSICA]