[MÚSICA] [MÚSICA] O que se deve então, continuando, evitar no argumento palavras como eu, tu, ele, isto, aquilo e outras desse tipo fazem o valor da verdade depender de quem profere. Portanto, devemos evitar esse tipo de frase que produzem a mesma coisa que frase ambígua, eu digo: ele é alto, ele pesa 90 quilos. Quem é esse ele? Então, como depende de quem seja o ele ou eu peso 70 quilos depende de quem seja eu, etc. Ou aquilo é feio, ou aquilo é vaso. O que é o aquilo? Eu não sei. Então, verificar se é ambiguidade. A homossexualidade, suponhamos que alguém venha com esse argumento. A homossexualidade não pode ser hereditária. Como os casais homossexuais não podem reproduzir-se, os genes da homossexualidade teriam morrido há muito tempo. Bom, esse argumento pode ser atacado de maneira direta perguntando o seguinte: existe gene da homossexualidade? Aparentemente, ninguém nunca mostrou que existe o gene da homossexualidade, então tudo que vem, a partir daí, que se refere aos genes da homossexualidade não tem sentido. O segundo aqui: os cães do João comem mais de cinco quilos de ração por semana. Parece ambígua, porque fala a respeito de mais de. No entanto, se eu sei quem é o João e de fato ele tenha ou mais cães, não é ambígua, basta pesar o que os cães comem. Vai ser, é passível de ver se é verdadeiro ou falso. João viu a Maria com os binóculos. Ele viu a Maria através dos binóculos ou a Maria estando com os binóculos? O João foi visto perto do banco. Suponha uma testemunha diga para a polícia: eu vi o João perto do banco. Que banco? Se ele só disser isso e não disser mais nada, ninguém vai saber de que banco ele está falando. Maria lavou a manga. Lavou a manga fruta ou ela lavou a manga da camisa, da blusa, o que quer que seja. Então, para tornar claro o que estamos dizendo, fazemos uso das seguinte estratégias: Substituir uma frase ambígua por outra que não seja vaga nem ambígua. Eu tenho uma certa obrigação de esclarecer as minhas frases ambíguas. Usar uma definição para tornar precisa uma palavra ou expressão. Definições são muito importantes. Então, vamos definir o que é definição. Vamos dar a definição de definição. Uma definição explica ou estipula o uso de uma palavra ou expressão. Ela esclarece, explica, estipula, por exemplo: cão significa canino doméstico. Aí eu estou esclarecendo o que significa a palavra cão, se alguém não sabe. Se alguém não sabe o que é tucunaré, eu posso explicar, esclarecer que é peixe do Amazonas. Se alguém não sabe ou não está claro o que significa pueril, eu devo esclarecer que quer dizer infantil ou próprio de crianças ou algo trivial. Essas são definições. Agora eu vou definir outro subtipo de definições que devem ser evitadas, que são as definições persuasivas. Vamos tomar cuidado, porque as definições não são afirmações. Definições não são coisas que são passíveis de serem vistas como verdadeiras ou falsas. Definições não são afirmações, são esclarecimentos. Acrescentamo-las a argumento para podermos entender melhor. Definições não são premissas também, elas são partículas esclarecedoras. E uma certa definição é dita do tipo persuasiva, se ela for na verdade uma afirmação disfarçada de definição. Por exemplo: se eu estou discutindo, duas pessoas estão discutindo a respeito do aborto e alguém define: aborto é o assassinato de crianças antes do nascimento, dessa forma eu não posso defender o aborto por estrupo, por exemplo. Mesmo que eu quisesse eu já estaria defendendo o assassinato. Se eu concordar com essa definição, acabou a discussão a respeito disso. Outra, por exemplo: amizade é uma navio grande que transporta duas pessoas quando está bom tempo, mas só uma quando estala a borrasca. É bastante poético, mas não é uma definição de amizade, é uma licença poética para tentar dizer alguma coisa a respeito da amizade, talvez a amizade tenha isso aí, aconteça de vez quando, que ela é boa de vez quando, quando está tudo bem, e não é tão boa quando as coisas estão ruim. Mas ela não é a definição de amizade. O cão é o melhor amigo do homem. O que é ser amigo do homem? Eu não sei também exatamente. Nada é mais como antes. Essa é pior ainda. O que significa mais como antes, quando? Nada é mais como antes? Sei lá. As pedras parece que continuam iguais. São todas subjetivas, não é? Vamos ver aqui diálogo para a gente tentar pouco melhor esclarecer. Suponha que o João diga o seguinte: a Maria é tão rica que bem pode pagar o jantar. Ele está propondo que a Maria pague o Jantar. E a Clara diz o seguinte: que quer dizer com rica? Esclareça, por favor. Defina. Ele diz: ela tem Mercedes. Então, ele colocou a noção de ser rica, definiu implicitamente como ter Mercedes. Mas, veja: ter Mercedes não sei se é uma boa definição de ser rica, porque ela pode ter caminhão velho. Caminhão velho Mercedes, por exemplo. Então, não é uma boa definição. Agora, se eu digo AIDS, a sigla inglês AIDS significa português Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, eu estou de fato definindo a sigla, eu estou esclarecendo a sigla, então é uma definição. Ou ainda: microscópio, eu vou explicar, eu vou esclarecer o que é o microscópio. É instrumento que consiste numa lente ou combinação de lentes dispostas de modo a que objetos muito pequenos, como micro-organismos pareçam maiores de modo que possam ser vistos e estudados. É uma definição do que seja microscópio. Ou ainda: o conhecimento é crença verdadeira e justificada. Essa é uma definição clássica do que seja conhecimento desde os gregos antigos. Essa definição diz que se eu tenho uma crença e ela é verdadeira e eu justifico, aí eu conheço algo. Ela diz que o conhecimento é muito mais do que crença e do que crença verdadeira, ainda tem que ser justificada. Ambas são boas definições. Então, para obtermos uma boa definição, as palavras que estamos usando e as palavras que definem devem ser intersubstituíveis, que dizer, devemos poder usar as primeiras exatamente como usamos as segundas. Ou seja, usar bem as definições. Então, quais são as etapas para apresentar-se uma boa definição, que esclarece, que faz papel importante no argumento. Mostre a necessidade de apresentar-se uma definição. Formule a definição. Certifique-se de que as palavras fazem sentido. Apresente exemplos de que a definição aplica-se e exemplos de que não se aplica, porque se a definição for aplicar-se a qualquer coisa, ela é trivial, ela não interessa mais a Nestor. Se necessário, contraste a definição com outras plausíveis e reveja se necessário. Vamos ver rapidamente a noção de, a diferença entre uso e menção, que é conceito importante filosofia analítica. É importante, às vezes, no argumento fazer uma distinção entre usar uma palavra ou frase e mencionar essa palavra. Na linguagem escrita ou frases costumam aparecer, as mencionadas costumam aparecer entre aspas simples ou duplas. Por exemplo, o queijo é derivado do leite. Eu estou usando a palavra queijo. O queijo aparece como usado na minha sentença. Agora, se eu estou mencionando, seria alguma coisa como o seguinte: queijo, entre aspas, português tem a mesma origem que queso espanhol. Eu estou comparando as duas palavras. Outro exemplo de uso: Brasília é a capital do Brasil. Eu estou usando Brasília, a cidade de Brasília. A menção seria, por exemplo, se eu disser: Brasília, entre aspas simples ou duplas, tem acento agudo. Então, é para ter alguma mínima ideia entre a noção de uso e menção. Era esse o nosso tópico para hoje. Eu quero agradecer a todas e todos pela presença e convidá-los, convidá-las para a nossa próxima aula. Obrigado! [MÚSICA] [MÚSICA]