[MÚSICA] [MÚSICA] No início da gestação, o que nós chamamos de período embrionário ou período fetal precoce, até 12 semanas, a infecção ocorre neste período e tem a transmissão vertical, o percentual de crianças acometidas é extremamente elevado, chega a mais de 30 por cento de crianças acometidas. Com a evolução e diferenciação dos tecidos, quando a infecção ocorre no segundo trimestre da gravidez, esse percentual já baixa, felizmente baixa bastante, e o percentual de comprometimento sério, de comprometimento grave do sistema nervoso central é torno de quatro virgula oito a cinco por cento, percentuais que variam. Daqui é pouco diferente de pernambuco, que é pouco diferente da Bahia, que é pouco diferente do Rio de Janeiro. E no final da gravidez, esse percentual é mais baixo ainda. Então, quando nós fazemos o pré-natal dessas mulheres, ele é carregado de uma carga emocional violenta, grande, nós precisamos da ajuda de pessoas do comportamento, de profissionais do comportamento, para poder dar o suporte para essas mães, dar o suporte para essas famílias, porque o problema, elas sabem disso. Hoje, com a televisão, com o Google, então, o acesso a informação é acesso que ele democratizou. Então, nós temos crianças e famílias, crianças com problemas e famílias que têm dificuldades para articular essa situação. Então, quando nasce, a mãe faz o pré-natal, nós temos maneiras de ver se essa criança está comprometida durante a gestação, usa a ecografia ou a ultrasonografia, a ressonância magnética. Elas mostram para nós com uma fidelidade bastante elevada que me permite ranquear quais são as lesões, quais são os órgãos dentro do sistema nervoso central que estão comprometidos. Então, eu já posso estar discutindo com a mãe qual é o preparo dessa família para essa criança no futuro. Então, quando nasce, o ultrassom não vê nenhuma lesão, e nasce a criança normal, sem nenhum problema, é uma alegria, uma comemoração, porque, "Nossa Senhora", ocorreu todo esse problema, passei por esse transtorno na minha vida e a criança felizmente nasceu bem. Ótimo. Essa é a notícia que toda mãe quer. Mas não termina o "nightmare", ele não termina aí. Ele continua após o nascimento e isso nós aprendemos também com o tempo. Por que essas crianças, normalmente, elas são seguidas, fazemos "follow-up" por período de dois anos e nesse período de dois anos se observa, a mãe começa a observar se tem alteração ou não. Todos os exames que eu disse para vocês que eles podem detectar as alterações que ocorrem no sistema nervoso central com uma fidelidade bastante elevada, é preciso que o dano seja dano de uma determinada dimensão para que o aparelho possa captar este dano. Se eu tenho lesões mínimas, não tem aparelho de imagem que pegue lesões mínimas. Só que são lesões mínimas de grupos neuronais específicos. E a criança nasce e ela desenvolve. A criança, todos os dias, no seu desenvolvimento neuropsicomotor, ela aprende alguma coisa. É movimento que ela aprende, é pegar no pé, é pegar na mão, brincar com a mão. Então, esse amadurecimento do sistema nervoso central, ele é diuturno, ele é contínuo. E hora que chega esse desenvolvimento, que nós chamamos de "skill", que a criança vai adquirindo e chega esse conhecimento e desenvolvimento que ela precisa adquirir chega naquele grupo de neurônios, pequeno que seja, mas que está lesado, a partir dali nós não temos o desenvolvimento. Nós temos crianças que alimentam muito bem quando estão tomando alimento líquido, amamentando. A partir do momento que eu começo a introduzir a alimentação sólida para ela, ela não consegue engolir, então ela engasga, sufoca e o resultado que a gente tem visto é que essas crianças acabam com gastrostomia, não conseguem deglutir e o alimento vai direto para o estômago através de uma sonda. Então, não termina. O transtorno não termina com o nascimento de uma criança totalmente normal. É preciso que a gente avalie essas crianças do que nós sabemos, por período de dois anos, mas é possível que a gente tenha que avaliar essas crianças por período até maior do que este. [MÚSICA] [MÚSICA]