[MÚSICA] [MÚSICA] Nesta aula vamos ver o vírus que é o protótipo dos Flavivírus, o mais clássico do grupo. A febre amarela foi enorme problema de saúde por milhares de anos. É a primeira febre hemorrágica a causar medo quem vivia áreas infestadas. A princípio, isso acontecia no continente africano, mas com o tráfico de escravos para as Américas, além dos escravos, trouxemos também a febra amarela e os mosquitos Aedes Aegypti, como veremos outras aulas. Aqui ela se espalhou na América Central e até na América do Norte e do Sul. E além das Américas, a febra amarela também chegou a circular na Europa no século 18, causando surtos na Espanha. Na África, muitos dos macacos são imunes a febre amarela, possivelmente por eles terem evoluído na presença dela. Mas aqui nas Américas, onde a gente não tinha essa doenças até pouco menos de 500 anos atrás, vários primatas estavam suscetíveis, incluindo os humanos. De maneira que quando ele se estabeleceu aqui ela se estabeleceu muito bem até hoje. O primeiro registro que temos da febra amarela confiável é o Manuscrito Maia de 1648, onde ela é chamada de Xekik ou Vômito de Sangue, o que já dá bom sinal dos sintomas que ela causa. Aqui no Brasil a primeira epidemia foi registrada no Recife 1685 na capitania de Pernambuco. E de lá para cá, com o combate que fizemos no começo do século 20, o vírus passou a circular dois tipos de ciclo, o silvático e o urbano. O ciclo silvático acontece na mata onde o vírus circula principalmente entre primatas, como macacos prego e bugios. Os macacos pregos são mais resistentes a infecção, enquanto os bugios são bastante sensíveis ao vírus e morrem mais facilmente. E surtos grandes até marsupiais e preguiças podem ter o papel na circulação secundária do vírus que, de vez quando, também pode saltar pra humanos. Aqui no Brasil os vetores que transmitem a febra amarela na mata são os mosquitos silvestres que têm preferência por picar os primatas. Já na África, casos humanos são muito mais frequentes. E nas regiões que tem maior circulação, o vetor principal é o Aedes. Por lá é mais comum e mais sério acontecer casos entre crianças, já que a maior parte dos adultos já desenvolveu imunidade. Além de ocorrer tipo de ciclo que a gente não tem por aqui que é o ciclo periurbano, onde o vírus circula entre primatas e pessoas na periferia das cidades, mas a transmissão urbana é bem limitada. Já o surto urbano quando acontecia no Brasil, tínhamos o vírus circulando entre pessoas transmitido principalmente pelos Aedes Aegypti. Acontecia porque felizmente e por muita competência da saúde pública nacional esse tipo de surto foi contido no Brasil com o combate ao mosquito e com a vacinação contra a febre amarela. Mas esse ciclo urbano ainda acontece algumas cidades africanas, como o surto de 2016 nas capitais de Angola e da República Democrática do Congo, causando por volta de 60 mil mortes por ano. A vacinação contra a febre amarela é marco no combate a doenças infecciosas que teve muitos motivos para acontecer. Entre esses motivos, as mortes causadas pela febre amarela e pela malária entre os trabalhos franceses e americanos que tentavam construir o canal do Panamá. Os franceses abandonaram essa construção do canal 1889 depois de perderem milhares de trabalhadores. E os americanos que assumiram a construção no começo do século 20 só conseguiram terminar porque enfrentaram o problema de frente. A febre amarela foi estudada a fundo e foi a primeira doença reconhecida como transmitida por mosquitos. Uma das primeiras doenças pras quais desenvolvemos vacinas e a primeira doença humana a ser caracterizada como causada por vírus. Já se tinha uma noção de que a febre amarela poderia circular através de insetos. 1881, o médico cubano Carlos Finlay propôs que mosquitos seriam os transmissores da doenças. Walter Reed que foi o encarregado pelo exército dos Estados Unidos no combate a febre amarela durante a construção do canal do Panamá teve contato com o trabalho do Finlay e demonstrou 1901 que a hipótese tava certa. A febre amarela era realmente transmitida pelos mosquitos. Ao mesmo tempo, ele demonstrou que a parte infectante do sangue, ou seja, a porção do sangue que transmitia a doença podia ser filtrada filtros de porcelana. Esses filtros na época era o critério pra se demonstrar que uma doença era causada por vírus, o que são duas características fundamentais pra gente poder entender o combate a febre amarela. Ela é causada por vírus e é transmitida por mosquitos. Ou seja, pra se combater ela precisávamos de uma vacina e do combate ao mosquito. Aqui no Brasil a gente também passou por problemas com a febre amarela, tanto que 1903 Oswaldo Cruz foi dos encarregados de livrar o Rio de Janeiro da febre amarela entre outras doenças. Pra isso ele adotou a idéia do Finlay e do Reed e combateu o mosquito. E por isso enfrentou bastante dificuldade, já que a idéia corrente do período ainda mais aqui no Brasil era de que a doença era transmitida pelo contato entre os doentes e que o certo seria desinfectar roupas e objetos. Apesar da dificuldade, a campanha funcionou no páis todo e o nosso último caso de febre amarela urbana aconteceu 1942. E pra quem se interessa pela história do combate a febre amarela no país e como a gente chegou a esse ponto, a FIOCRUZ tem livro muito bom sobre o tema disponível gratuitamente que também tá linkado com o material das nossas fontes. [MÚSICA] [MÚSICA]