[MÚSICA] [MÚSICA] O químico, é lógico, todo mundo conhece, são os inseticidas. Então, você pode usar inseticida para matar o adulto e o inseticida para matar a larva. Então, o que a gente define: o adulticida e o larvicida. Aonde que a gente usa o larvicida? São reservatórios de água de pessoas que não têm distribuição de água; e que eles têm que ter uma reserva de água, que são as caixas de água sujas, que a gente chama. Que são águas que são usadas para lavar roupa, para tomar banho, para limpeza de modo geral. Então, são aqueles reservatórios de fundo de quintal, extremamente comuns no Brasil, e que aí você faz o tratamento com larvicida. No caso do adulticida, que são os famosos fumacês. A população, às vezes, reclama que não está tendo fumacê. Como que é usado hoje o fumacê? Como o tratamento todo do controle é básico. O básico dele é químico, o tratamento químico, inseticida e larvicida. O quê que você acaba tendo? Você acaba tendo, depois de muitos anos de uso dos mesmos inseticidas, você selecionou populações resistentes. Então hoje, o uso do inseticida para diminuir população de mosquito, a gente sabe que não vai acontecer. Ele vai ser usado quando você tem uma epidemia. Então, a idéia é você usar o inseticida de adulto para eliminar fêmea que está infectada. Então, você tem bairro que está tendo alto número de casos daquilo vírus; você sabe que ali vai ter muito mosquito infectado. Então passa o fumacê na tentativa de você matar esses insetos que estão infectados, que estão transmitindo, para dar controle na transmissão da doença. Então é assim que é usado, hoje, o adulticida. E tem as suas falhas, óbvio. Por quê? O aedes não mora dentro da casa? Quando você passa com o fumacê, as pessoas têm que deixar a janela aberta, a porta aberta, para o inseticida entrar dentro das casas. E isso não é feito. Então, a primeira coisa que também acontece é fechar. Então esse protocolo foi modificado. Então nessas últimas crises, o quê que aconteceu? Os agentes entraram dentro das casas das pessoas para fazer o fumacê dentro das casas. A outra coisa que também acontece relação aos inseticidas. Nós temos, hoje, recomendações, do ministério, dos inseticidas que não devem ser utilizados. Por que a gente sabe que as populações estão 100 por cento, então não adiante você usar aquele inseticida, alguns casos. Só que não existe o controle da população de ir ao supermercado e comprar aquele inseticida que não é recomendado. Então, ele continua sendo usado. Não pelos agentes, que fazem o controle, mas pela população. E não existe nenhuma maneira. Existe uma conversa com as indústrias; dizendo que esse formulado não deve ser usado no Brasil. Só que a indústria vende o que ela quer. Então, tanto faz. Existem trabalhos mostrando que se você para de usar; então, você tem populações que são resistentes para tipo de inseticida. Aí você para de usar esse inseticida e vê o quê que acontece com aquela população. Ela volta a ser sensível, porque a suscetibilidade é uma vantagem para o mosquito. Na verdade, o mosquito que tem resistência a esse inseticida, ele tem uma perda do que a gente fala de fitness. Porque ele é mutante. Então, ele tem uma deficiência no receptor, ele tem algumas mutações, algumas super expressões, que fazem com que ele perca o fitness. Só que quando você mata a população que tem o fitness melhor, a que sobra é a que tem o fitness perdido. E a hora que você mata a população suscetível, só ele que aparece. E é por isso que a gente fala que é uma seleção da resistência, e não uma pressão de resistência. Você acaba tendo as duas coisas, mas é muito mais a seleção do que é resistente do que a pressão para a mutação. Então, no laboratório, você teve uma curva de volta à suscetibilidade daquela população. E aí, ao mesmo tempo, foi feito, paralelo, o que estava acontecendo naquele bairro, naquela região, de onde vieram aqueles mosquitos. E os mosquitos não voltaram, mesmo com a parada do uso daquele inseticida questão. E aí, isso é associado a população comprando o inseticida, que você não tem nenhum controle cima disso. Então, nesse ponto, as pessoas têm que entender como é que funciona. Então é muito complicado. A gente não pode, simplesmente, ir na televisão e falar: "Não compra esse, esse, esse, esse...". A gente escuta, muitas vezes, quando você tem aqueles picos de mosquito. Você escuta a população falando: "Eu estou usando inseticida, não está adiantando." "O mosquito está mais resistente." Não! Está usando o inseticida errado. Na verdade é isso. Não é que o mosquito está mais resistente, ou ele está mutante, ou é mosquito novo. Não. Está comprando o produto errado. Mas não tem como a população saber disso. Isso não chega na população. Então, essa é a falha desse aspecto. [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA]